Desafio na educação indígena: falta de estrutura e formação docente adequada para valorização dos professores e saberes institucionais.
Apesar de estarmos no século XXI, muitos desafios persistem quando se trata de garantir os direitos dos povos indígenas à educação de qualidade. Neste contexto, é importante destacar a importância do respeito à cultura e tradições dos povos indígenas. Celebrado em 19 de abril, o Dia dos Povos Indígenas é uma data que nos lembra da necessidade de promover a diversidade e a inclusão em todos os setores da sociedade.
Para garantir uma verdadeira celebração do Dia dos Povos Indígenas, é essencial valorizar a contribuição dos povos originários para a nossa história e garantir seus direitos básicos. A preservação das línguas indígenas, por exemplo, é fundamental para manter viva a rica diversidade cultural do nosso país. Devemos reconhecer e respeitar a sabedoria ancestral dos povos indígenas em busca de um futuro mais justo e igualitário.
Dia dos Povos Indígenas: Valorização e Desafios na Educação Escolar
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, a educação escolar indígena deve ser bilíngue e intercultural para que haja a recuperação e a valorização da memória histórica dos povos indígenas, de suas línguas e ciências, e a reafirmação das identidades étnicas, além do acesso a informações e conhecimentos não indígenas.
A educação escolar indígena, uma forma de institucionalização dos saberes sociais e coletivos dos povos originários, inclui uma versão adaptada da educação formal não indígena, conforme preconizado pela Constituição e pela LDB. Este processo não busca eurocentrizar a educação de estudantes indígenas, mas sim integrá-los, compartilhando saberes, e respeitando a diversidade de cada povo.
Para Gersem Baniwa, doutor em antropologia pela Universidade de Brasília (UnB), é fundamental que a educação escolar indígena siga padrões que garantam aos povos indígenas protagonismo em suas formações. A possibilidade de estudar em suas línguas maternas, com professores indígenas e conteúdos que dialoguem com sua realidade, representa um avanço significativo.
A formação de professores indígenas, com licenciaturas interculturais específicas, é um passo essencial para a efetivação desse modelo educacional. Estes profissionais, capacitados para atuar na educação básica, têm o papel crucial de transmitir conhecimentos de forma inclusiva e respeitosa, promovendo a interculturalidade e a valorização das tradições locais.
Os cursos de licenciatura intercultural, como os oferecidos pelo Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (Prolind), têm contribuído para a formação de professores indígenas qualificados. Em 2023, o MEC destinou R$ 8,6 milhões para o programa, possibilitando a expansão dessas iniciativas em todo o país.
Uma das licenciaturas mais reconhecidas é a do Departamento de Educação Escolar Indígena da UFAM, que forma professores desde 2008. Ao longo dos anos, o programa já capacitou 370 professores indígenas, fortalecendo a presença desses profissionais nas comunidades. Em 2024, uma nova turma de licenciatura intercultural está sendo especializada diretamente em Manaus, o que representa um avanço na formação desses docentes.
A valorização da educação escolar indígena e a formação de professores indígenas são aspectos fundamentais para a promoção da diversidade cultural e o fortalecimento das comunidades tradicionais. Celebrar o Dia dos Povos Indígenas é também reconhecer a importância de preservar e transmitir os saberes ancestrais, garantindo assim um futuro mais inclusivo e respeitoso para todos.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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