Estudo da ONG Public Eye revela discrepâncias: suplementos infantis com alto teor de açúcar enviados a países pobres, sem informações nas embalagens.
Uma recente análise realizada pela ONG Public Eye em colaboração com a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN) destacou questões concernentes à distribuição de suplementos alimentares infantis pela Nestlé. O relatório aponta uma discrepância alarmante nos níveis de açúcar adicionado encontrados nas fórmulas das linhas Cerelac e Nido em diferentes regiões do mundo. No Brasil, por exemplo, os produtos são conhecidos como Mucilon e Ninho e apresentam índices elevados de açúcar adicionado em comparação com as versões comercializadas na Suíça, país sede da empresa. Curiosamente, essa disparidade é aparente nos produtos destinados aos chamados ‘Países do Sul’, evidenciando uma prática questionável por parte da Nestlé.
A Nestlé, como renomada empresa fabricante de alimentos, enfrenta críticas por sua conduta na distribuição de produtos como Mucilon e Ninho, que contêm teores significativos de açúcar adicionado. Esta disparidade nos níveis de açúcar adicionado nas linhas Cerelac e Nido, comercializadas globalmente sob diferentes nomes, levanta preocupações sobre a abordagem da marca em relação à nutrição infantil. A transparência e coerência na formulação dos produtos são aspectos-chave que os consumidores esperam de uma empresa líder como a Nestlé, o que reforça a importância de uma abordagem responsável e consistente em todas as regiões em que atua.
Embalações que não informam sobre a adição de ingredientes
As embalagens dos suplementos alimentares infantis da Nestlé não fornecem aos consumidores qualquer informação sobre a presença do açúcar adicionado, fato que não foi encontrado nos produtos nacionais da linha Ninho. Essa falta de transparência expõe uma incoerência comunicacional que levanta sérias questões sobre as práticas comunicacionais da empresa.
A discrepância apontada pela Public Eye lança luz sobre a estratégia de marketing da Nestlé, que promove os produtos como marcas fabricadas para promover um estilo de vida saudável para as crianças. No entanto, essa narrativa se desfaz ao confrontar a realidade do alto índice de açúcar nas fórmulas. Um estudo recente publicado na revista The BMJ revelou que o consumo de açúcar adicionado está associado a uma série de problemas de saúde, como diabetes, obesidade e câncer.
Apesar das estratégias de marketing e embalagens que enfatizam as vitaminas e minerais presentes nos produtos, como o Cerelac, principal marca de cereais infantis distribuída em países pobres e que registrou vendas superiores a um bilhão de dólares em 2022, dados do Euromonitor mostram que o açúcar adicionado ainda é uma preocupação.
A Nestlé reconhece os riscos do açúcar e aconselha os pais a evitarem oferecer esse ingrediente às crianças. Entretanto, a empresa destaca em seu site os esforços para reduzir a quantidade de açúcares adicionados em seu portfólio global de cereais infantis em 11% na última década. Ainda assim, as embalagens não fornecem informações claras sobre essa redução e continuam a enfatizar a saudabilidade dos produtos.
Ao ser questionada sobre o relatório da Public Eye, a Nestlé respondeu enfatizando a qualidade nutricional dos produtos para a primeira infância e a utilização de ingredientes de alta qualidade. A empresa destaca o cumprimento das regulamentações locais e internacionais, que incluem requisitos de rotulagem e limites de açúcares, mas não aborda a falta de transparência nas embalagens.
A Nestlé afirma que continuará inovando e reformulando seus produtos para reduzir ainda mais os níveis de açúcares adicionados, sem comprometer a qualidade ou o sabor. No Brasil, a marca Mucilon oferece opções com e sem açúcares adicionados, seguindo os limites estabelecidos como seguros pelas autoridades competentes. Contudo, a questão das embalagens que não informam sobre a presença de açúcar adicionado permanece sem solução.
Fonte: @ Mundo do Marketing
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