Pesquisadores descobrem relação estreita entre espécies com espécie extinta de raposa enterrada com pessoa na Argentina; análise de DNA antigo pela pesquisadora da Rede.
Em um sítio arqueológico localizado na região noroeste da Argentina, descobriu-se a sepultura de um indivíduo enterrado ao lado de uma raposa, que diferente do esperado, não era um cachorro, segundo estudos recentes. O esqueleto encontrado pertencia a um tipo de canídeo que possivelmente disputava afeição com os cães: uma raposa. A relação entre seres humanos e cães revela-se cada vez mais complexa ao desvendarmos esses antigos laços entre o homem e a raposa.
A convivência entre humanos e cães ao longo da história mostra como esses animais se tornaram verdadeiros melhores amigos do ser humano. Mesmo com a presença marcante do cão como companheiro canino, a descoberta da raposa enterrada ao lado de um indivíduo nos faz refletir sobre as diferentes formas de conexão que os humanos estabeleciam com os animais na antiguidade e como esses laços se modificaram ao longo do tempo.
Descoberta histórica revela relação antiga e especial entre caçador-coletor e espécie extinta de raposa
A relação entre caçadores-coletores sul-americanos e a grande espécie extinta de raposa Dusicyon avus remonta a milhares de anos. Recentemente, uma análise de evidências de um enterro na Patagônia, datado de cerca de 1.500 anos atrás, trouxe à luz uma ligação estreita semelhante entre um humano e essa espécie extinta de raposa. O esqueleto quase completo da D.avus foi descoberto enterrado ao lado de um indivíduo em Cañada Seca, na Patagônia, em uma descoberta que intriga pesquisadores até os dias de hoje.
A Dra. Lebrasseur, pesquisadora da Rede de Pesquisa de Paleogenômica e Bioarqueologia da Wellcome Trust na Universidade de Oxford, liderou a investigação que revelou a possibilidade de a raposa ter sido um animal de estimação. A análise aprofundada do DNA antigo e o exame do colágeno nos restos mortais confirmaram não apenas a espécie e a idade da raposa, mas também indicaram que ela compartilhava a mesma dieta que o grupo humano enterrado próximo.
O elo entre humanos e raposas domesticadas na América do Sul
A novidade de encontrar uma espécie extinta de raposa ligada a um humano em um enterro levanta questões sobre a relação entre espécies naquela época. A domesticação e possível convivência como animal de estimação evidenciadas nesse cenário sugerem uma proximidade além da sobrevivência mútua. A integração da raposa na sociedade humana indica um vínculo que vai além do comum entre animais selvagens e humanos.
A pesquisa liderada pela Dra. Lebrasseur e pela Dra. Cinthia Abbona revelou que a D.avus, apesar de ter uma dieta carnívora esperada para sua espécie, compartilhava hábitos alimentares com os humanos. A possibilidade de ser alimentada pela comunidade ou de se alimentar de restos de cozinha aponta para uma relação mais próxima e integrada desse canídeo na sociedade da época.
Uma descoberta com repercussões globais na relação entre humanos e animais
O estudo da ligação entre a espécie extinta de raposa e os caçadores-coletores sul-americanos não apenas lança luz sobre o passado, mas também se conecta a descobertas semelhantes em outros continentes. A presença de raposas em sepulturas, tanto na América do Sul quanto na Europa e Ásia, sugere uma tradição mais ampla de relação próxima entre humanos e esses animais.
A possibilidade de a Dusicyon avus ter sido um companheiro canino na América do Sul se alinha com achados anteriores em outras partes do mundo, revelando uma tendência humana global de estabelecer laços estreitos com espécies animais, seja por motivações práticas ou emocionais. A complexidade dessas relações amplia nossa compreensão da evolução dos laços entre seres humanos e animais ao longo da história.
Fonte: © CNN Brasil
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