Futuro magistrado relata desafios até aprovação em entrevista ao Migalhas, destacando barreiras importantes e análises judiciárias.
No próximo dia 26, a Justiça do Trabalho celebrará um momento significativo em termos de inclusão. Márcio Aparecido da Cruz Germano será empossado como juiz do Trabalho, tornando-se o primeiro magistrado cego a atuar na 1ª instância trabalhista no Brasil.
A nomeação de Márcio Aparecido da Cruz Germano representa um avanço importante no Judiciário, demonstrando o compromisso com as inclusões e acessibilidades para todos os cidadãos. Sua atuação destaca a importância de garantir que magistrados com deficiência visual tenham oportunidades de contribuir de forma significativa para a Justiça do Trabalho.
Desafios e conquistas na Justiça do Trabalho
Márcio, um profissional com uma trajetória marcada por importantes marcos de inclusão, tem se destacado no cenário judiciário. Com 44 anos, natural de Maringá/PR, ele trilhou seu caminho como técnico judiciário na Justiça Federal e como analista judiciário no TRT da 9ª região. Em um ambiente desafiador, no gabinete do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que, assim como ele, é cego, Márcio enfrentou e superou obstáculos em busca de sua realização profissional.
A aprovação no II CNU – Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na carreira da magistratura do Trabalho foi um marco importante em sua jornada. Agora, ele se prepara para assumir suas novas responsabilidades em São Paulo, demonstrando sua resiliência e determinação.
Em uma entrevista reveladora ao Migalhas, Márcio compartilhou sua história de vida, desde a perda progressiva da visão aos desafios enfrentados devido à falta de acessibilidade e inclusão. Sua jornada de estudos rigorosos, apoiada por equipamentos especializados, culminou na tão sonhada aprovação no concurso.
Ao longo de sua carreira, Márcio teve que superar diversas barreiras, desde a falta de material escolar em braile até a ausência de recursos acessíveis na faculdade. No entanto, com determinação e apoio, ele conseguiu se destacar e alcançar seus objetivos.
A prova oral do CNU foi um momento crucial para Márcio, onde ele se sentiu verdadeiramente incluído e competindo em igualdade de condições. A acessibilidade proporcionada durante o concurso não apenas facilitou seu desempenho, mas também fortaleceu sua convicção de que a justiça do trabalho deve ser acessível a todos.
Atualmente, na Justiça do Trabalho, a presença de magistrados com deficiência visual ainda é limitada, com apenas dois representantes no 2º grau. O exemplo de Márcio destaca a importância da inclusão e acessibilidade em todos os níveis da sociedade, inspirando outros a perseguirem seus sonhos, independentemente das adversidades enfrentadas.
A história de Márcio é um testemunho do poder da determinação e da superação, e um lembrete da importância de promover ambientes mais inclusivos e acessíveis para todos os cidadãos, especialmente no contexto judiciário da Justiça do Trabalho.
Fonte: © Migalhas
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