Os moradores da Rocinha, incluindo manicure, b. boy e líderes comunitários, debatem a classificação da área pelo IBGE, com foco em empreendedorismo e bem-estar social dos idosos.
A Rocinha, conhecida favela do Rio de Janeiro, voltou a ostentar o título de maior favela do Brasil em número de residentes e domicílios, conforme dados do Censo 2022. A informação foi divulgada pelo IBGE, que atualizou os dados do censo.
Para as moradoras da Rocinha, a noticia não surpreende. Pessoas de todas as idades e profissões, inclusive moradoras há anos, confirmam a centralidade da favela no cenário brasileiro. “A Rocinha é uma das favelas maiores do Brasil, e é natural que ela retorne a essa posição”, afirma Maria Consuelo, articuladora social comunitária. Ela comenta que a Rocinha sofreu em 2011 um grande incêndio que destruiu muitas casas, mas a comunidade conseguiu se recuperar e o crescimento demográfico foi previsível.
A necessidade de instituição para os idosos em Rocinha
Com oito anos de experiência no Studio Tetemere, na favela de Rocinha, Rosemary Pereira Cavalcante, com 57 anos, não consegue esquecer a urgência da comunidade. Ela ajuda um idoso de 85 anos, José Severino, que vivia nas ruas se não fosse por sua ajuda. A falta de instituição para os idosos é um problema comum, especialmente em favelas como a Rocinha, onde as pessoas trabalham e deixam as crianças nas creches, mas os idosos ficam sozinhos em casa.
Rosemary Cavalcante, dona do Studio Tetemere, na favela de Rocinha, é uma exemplo de empreendedorismo que cresce nas favelas. Ela abriu o salão com a ajuda do Sebrae e cuida de José Severino, de 85 anos, que ficaria nas ruas se não fosse por sua ajuda. Entre as freguesas de Rosemary está Maria Consuelo Pereira dos Santos, escritora e ‘articuladora social comunitária’, com 61 anos, que chegou na Rocinha no dia da seleção brasileira de futebol ganhar a Copa do Mundo de 1994.
Maria Consuelo Pereira dos Santos, escritora e ‘articuladora social comunitária’, com 61 anos, relata as perdas da favela da Rocinha, especialmente agências de bancos e dos Correios. ‘Fizemos campanha, abaixo-assinado, brigamos. Os bancos federais fazem muita diferença para a gente’, comemora.
William de Oliveira, ativista social conhecido, fez um texto indignado no Facebook quando a Rocinha foi classificada como a segunda maior favela do Brasil, atrás da Sol Nascente, em Brasília, em 2023. Ele pergunta: ‘O que traz de benefícios?’ e afirma que a volta ao primeiro lugar não é motivo de celebração. ‘A volta ao primeiro lugar não traz benefícios, porque os problemas continuam, e a Rocinha ainda não tem a visibilidade que merece’, afirma.
Para Antonio Carlos Firmino, fundador e diretor do Museu Sankofa, que existe desde 2009 na Rocinha, ‘o retorno ao primeiro lugar, a princípio, não traz benefícios’. Firmino pergunta ‘o que isso traz de benefícios? Um olhar maior dos governos? Se nem nas menores favelas conseguem fazer algo, imagina na maior.’
Fonte: @ Terra
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