Pandemias, distúrbios cardiovasculares e traumas psicológicos são consequências estudadas de ondas sufocantes de calor, incêndios florestais indomáveis, enxames de mosquitos propagando vírus, alerta soando hazes.
Parecem cenas retiradas do Apocalipse bíblico, porém são dolorosamente reais e suas origens e impactos, já analisadas pela ciência. Ondas sufocantes de calor, chuvas e inundações torrenciais, incêndios florestais incontroláveis, enxames de mosquitos disseminando vírus, doenças… O mundo testemunha uma crise que afeta o planeta e ameaça a saúde da população.
Em meio a esses extremos climáticos, as doenças relacionadas a esses eventos naturais se tornam cada vez mais comuns. A conexão entre as mudanças climáticas e a propagação de doenças é um alerta para a necessidade urgente de ações globais. A prevenção e o combate a essas enfermidades se tornam essenciais para proteger a saúde pública em face dos desafios impostos pela natureza em desequilíbrio.
Impactos das Doenças Relacionadas a Extremos Climáticos
As mudanças climáticas, impulsionadas pela interferência do ser humano movido a combustíveis fósseis, têm gerado um crescente desafio em termos de saúde pública. A constante alerta sobre as consequências das doenças relacionadas a extremos climáticos, ecoado há décadas, agora se materializa em uma ampla gama de enfermidades, que vão desde surtos virais até complicações mentais e cardiovasculares.
A recente catástrofe das enchentes no Rio Grande do Sul, com seu trágico saldo de mortes e aumento exponencial dos casos de leptospirose, uma infecção bacteriana transmitida pela urina de animais, é apenas o mais recente episódio de uma narrativa com impactos diretos e indiretos no bem-estar da sociedade, a curto e longo prazo. Este evento serve como um lembrete contundente de que a inação diante desses desafios tem um custo significativo.
O crescente alerta da comunidade médica em relação aos impactos sanitários do aquecimento global tem sido evidenciado em publicações de destaque, como o The Lancet e o The New England Journal of Medicine. Estudos recentes destacam a urgência de lidar com as alterações ambientais, associadas à emissão de gases de efeito estufa e à degradação do meio ambiente, que abrem caminho para o descontrole de uma série de doenças agudas e crônicas.
A conclusão é clara: um planeta mais quente, poluído e sujeito a eventos climáticos extremos se traduzirá em hospitais sobrecarregados e uma população com menor qualidade e expectativa de vida. A relação entre doenças e extremos climáticos é cada vez mais evidente, conforme os impactos se tornam mais tangíveis.
A última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai no ano passado, estabeleceu o Dia da Saúde como uma iniciativa crucial para fomentar discussões internacionais sobre o tema. Este marco chega em um momento crítico, considerando o recorde de calor registrado em 2023, o ano mais quente da história.
Além dos extremos climáticos, como ondas sufocantes de calor e incêndios florestais indomáveis, observa-se também a propagação de doenças relacionadas a esses eventos, como os surtos de mosquitos disseminando vírus letais. O alerta sobre os impactos das doenças relacionadas a extremos climáticos soa cada vez mais alto, exigindo ação imediata e coordenada.
Os dados alarmantes compartilhados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que uma em cada quatro mortes pode estar ligada a causas ambientais evitáveis, resultando em mais de 250.000 óbitos anuais. Essas estatísticas refletem não apenas os efeitos diretos do calor extremo, mas também a degradação do meio ambiente, a insegurança alimentar e a falta de abrigo, que contribuem para o aumento das doenças e mortes evitáveis.
Os cientistas alertam que a interação entre o ambiente e a sociedade desempenha um papel crucial no surgimento e controle das doenças, e o atual cenário de aquecimento global apresenta desafios sem precedentes nesse sentido. O epidemiologista Paulo Lotufo, da USP, destaca que o aumento das temperaturas está associado a um aumento nos casos de doenças cardiovasculares e partos prematuros, evidenciando a gravidade da situação.
Embora não seja o fim do mundo, é essencial olhar para trás e aprender com os eventos recentes. A necessidade de ações preventivas e de mitigação diante das doenças relacionadas a extremos climáticos é urgente, e a conscientização sobre esses desafios é fundamental para proteger a saúde e o bem-estar das gerações futuras.
Fonte: @ Veja Abril
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