O youtuber Cocielo foi denunciado em 2020 pelo MPF por incitação ao racismo em postagens nas redes sociais.
O criador de conteúdo Julio Cocielo foi inocentado pela Justiça nesta terça-feira (21). Ele estava sendo acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) por práticas de racismo. A sentença foi proferida pelo juiz Rodiner Roncada, da 1ª Vara Federal de Osasco, que considerou que, apesar das ações do youtuber terem sido ‘moralmente reprováveis’, não foi comprovado que ele tenha praticado discriminação racial.
A decisão de absolver Julio Cocielo das acusações de racismo gerou debates sobre a linha tênue entre liberdade de expressão e preconceito. A discussão sobre como combater o racismo e a discriminação racial na sociedade continua sendo um desafio constante, exigindo uma reflexão mais profunda sobre as consequências dessas atitudes e a necessidade de promover a igualdade e o respeito entre todos os indivíduos.
Racismo: Denúncia do MPF contra Cocielo por Postagens Raciais
O Ministério Público Federal detalhou na denúncia as publicações feitas por Cocielo no período de novembro de 2010 a junho de 2018. Em uma das postagens, ele questionou: ‘Por que o Kinder ovo é Preto por fora e Branco por dentro? Porque se ele fosse Preto por dentro o brinquedinho seria roubado’. Em outro momento, afirmou: ‘Se os caras do racionais falar ‘mão para cima’ eu não sei se é assalto ou comemoração’.
Entre as diversas frases compartilhadas pelo youtuber, encontram-se afirmações como ‘o Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas. Mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros’ e ‘Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein’. A defesa de Cocielo argumentou que ele próprio é negro, tornando impossível enquadrar suas falas como racistas, uma vez que não se pode considerar hierarquicamente superior a um grupo do qual faz parte.
Alegou-se também que as expressões estavam inseridas em um contexto de ‘produção artística e humorística’, amparadas pelo direito constitucional à liberdade de expressão. Quanto à menção ao jogador Mbappé, a justificativa foi de que o comentário se referia à sua velocidade, não à sua cor de pele. Julio Cocielo foi alvo de denúncia pelo MPF em 2020.
Racismo: Decisão Judicial e Argumentos da Defesa
Os argumentos apresentados pela defesa foram acatados pelo juiz Rodiner Roncada. Ele reconheceu que, embora as frases fossem de ‘gosto discutível’, não configuravam incitação ao racismo. O réu afirmou em interrogatório que sua intenção não era ofender qualquer raça ou etnia, mas sim divertir sua audiência em seu ‘palco’. Testemunhas corroboraram que Cocielo nunca demonstrou comportamento racista.
O juiz ressaltou que não há registros de conduta discriminatória por parte do réu ao longo de sua vida. Em sua decisão, destacou a importância de considerar o ‘contexto em que as expressões foram utilizadas’, em um canal de humor com mais de 15 milhões de seguidores de diversas origens e níveis educacionais. Para o magistrado, dentro do contexto humorístico, as mensagens eram interpretadas como brincadeiras, com o objetivo de entreter, não de promover convicções políticas ou sociais.
Fonte: @ Hugo Gloss
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