Ex-funcionária pediu à Polícia Civil, por advogado, depoimento por videoconferência no Inquérito das verbas de pesquisa.
A ex-colaboradora da Universidade de Campinas (Unicamp), Ligiane Marinho de Ávila, acusada de ter realizado desvios de até 1,9 milhão de reais de verbas de pesquisa concedidas pela Fapesp ao Instituto de Biologia (IB), comunicou à Polícia Civil que está fora do país e não tem previsão de retorno ao Brasil.
Além dos possíveis desvios, Ligiane é investigada por suspeitas de peculato e transferências indevidas de recursos, o que tem gerado grande repercussão na comunidade acadêmica e na imprensa local.
Investigação de desvios na Unicamp
No decorrer do Inquérito Policial (IP) que apura Ligiane pelo crime de peculato, o advogado da ex-funcionária solicitou que o depoimento dela seja realizado por videoconferência. Segundo o defensor, a razão para essa solicitação é que Ligiane está fora do país, sem previsão de retorno até o momento. O g1 teve acesso a informações da Polícia Federal, indicando que a suspeita deixou o Brasil em 19 de fevereiro deste ano, um mês após os desvios virem à tona. Ela embarcou em um voo de Campinas (SP) para Orly, na França.
Andamento das investigações
As investigações sobre os desvios na Unicamp estão em andamento no 7º Distrito Policial de Campinas. De acordo com a Polícia Civil, o delegado encarregado do caso já interrogou três suspeitos e está conduzindo diligências na região. Detalhes adicionais estão sendo mantidos em sigilo para garantir a autonomia das autoridades policiais.
Posicionamento da Unicamp
Em resposta ao g1, a Unicamp afirmou que os eventos estão sob investigação em uma Sindicância Administrativa e que tomará as medidas necessárias após a conclusão do processo. Até o momento da última atualização desta reportagem, a defesa de Ligiane não se pronunciou.
Montante dos desvios
Os desvios de verbas da Fapesp destinadas à pesquisa do IB, revelados no início do ano, podem totalizar R$ 1,9 milhão, conforme apuração interna da universidade. Ligiane foi demitida em dezembro de 2023 e desde fevereiro é alvo de investigação pela Polícia Civil. A Unicamp identificou cerca de 220 transferências bancárias suspeitas realizadas pela ex-servidora.
Transferências indevidas
A maioria das transferências, aproximadamente 160, foi direcionada para a conta pessoal de Ligiane, totalizando R$ 1,2 milhão. Os outros R$ 700 mil foram enviados para duas empresas e duas pessoas físicas também envolvidas na investigação policial. Diversas justificativas foram apresentadas nas notas fiscais, incluindo compra, transporte, manutenção de equipamentos, desenvolvimento de softwares e sites.
Detecção de desvios
Professores do Instituto de Biologia reportaram movimentações suspeitas em verbas de pesquisa, sendo que em um caso o desvio atingiu R$ 245 mil. Em comunicado à polícia, os docentes mencionaram que uma investigação interna revelou que Ligiane usou uma empresa de sua propriedade para emitir notas fiscais fraudulentas, descrevendo serviços fictícios para simular contratações e ocultar a apropriação indevida de valores.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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