63% dos brasileiros que apostam on-line tiveram parte de sua renda comprometida com essas atividades. O comprometimento com apostas é de 8,38% da renda média e quase 20% do salário-mínimo.
Recentemente compartilhei aqui minha vivência com jogos. Foi em 2010. Uma experiência marcante. Gastei R$ 50 em apostas e em questão de minutos. Fiquei tão surpreso que nunca mais me arrisquei. Prefiro uma partida de tabuleiro com amigos. Mas pelo entretenimento, é claro, mas fico satisfeito quando venço algumas rodadas. Mas é o limite para mim. Mas nem todos têm a mesma sorte, infelizmente.
Alguns preferem a emoção das apostas em jogos de azar. Em 2015, um amigo perdeu R$ 100 em uma única noite. Ele se diverte com a adrenalina do risco. Eu prefiro manter minha diversão mais controlada. Mas cada um tem seu jeito de aproveitar os jogos, não é mesmo? desastres
Jogos de azar e o impacto no varejo brasileiro
Um estudo recente realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em parceria com a AGP Pesquisas trouxe à tona questões preocupantes sobre o efeito das apostas esportivas no cenário nacional. O relatório intitulado ‘Efeito das apostas esportivas no varejo brasileiro’ revelou que 63% dos brasileiros que se aventuram nos jogos on-line acabam comprometendo parte significativa de sua renda nessas atividades.
Embora a pesquisa não tenha especificado o percentual exato de comprometimento da renda, é possível fazer uma estimativa com base nos dados econômicos atuais. Considerando que a renda média do brasileiro nos primeiros meses deste ano foi de R$ 3.137, conforme os resultados do estudo ‘Retrato dos Rendimentos do Trabalho – Resultados da PNAD Contínua do Primeiro Trimestre de 2024’, e levando em conta que o valor médio das apostas on-line gira em torno de R$ 263, podemos inferir que o comprometimento chega a 8,38% da renda média e quase 20% do salário-mínimo.
Aparentemente, esses números podem parecer insignificantes, mas quando somados, representam uma indústria que movimenta bilhões de reais anualmente. O que chama a atenção nesse estudo da SBVC é a origem dos recursos destinados às apostas. Entre os apostadores entrevistados, 23% abriram mão de comprar roupas, 19% reduziram suas despesas em supermercados, 14% cortaram gastos com produtos de higiene e beleza, e surpreendentemente, 11% diminuíram os investimentos em cuidados de saúde e medicamentos.
Os jogos, como é sabido, possuem um potencial viciante, pois estimulam a liberação de dopamina, um neurotransmissor responsável por transmitir sensações de prazer e satisfação. No entanto, é importante ressaltar que os jogos, quando praticados de forma equilibrada, podem proporcionar entretenimento, desenvolver habilidades e promover a socialização.
O desastre ocorre quando esse equilíbrio é rompido. Apesar dos esforços em regulamentar essa atividade, é crucial abordar a questão sob diferentes perspectivas, incluindo a econômica, fiscal, financeira e de saúde. O transtorno associado à compulsão por jogos é reconhecido internacionalmente, com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) categorizando-o como jogo patológico.
A pesquisa da SBVC levanta preocupações sobre o impacto econômico dessas práticas, uma vez que o dinheiro direcionado aos jogos não circula na economia da mesma forma que em outros setores. Enquanto investir em viagens ou roupas contribui para a movimentação financeira, as apostas em jogos não geram empregos nem promovem o desenvolvimento de setores produtivos, limitando-se a ser, quando regulamentadas, uma fonte potencial de arrecadação de impostos.
Diante desse cenário, é fundamental analisar com cautela o papel dos jogos de azar na sociedade, buscando formas de equilibrar o entretenimento com a responsabilidade financeira e a saúde mental dos indivíduos. A conscientização e a regulamentação adequada são essenciais para mitigar os impactos negativos e promover uma abordagem mais sustentável em relação aos jogos de apostas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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