Caleb Everett, linguista que viveu com os pirahãs, aborda diversidade linguística do planeta, culturas e conceitos universais em seu livro.
Todos nós seres humanos habitamos o mesmo globo e compartilhamos vivências parecidas. Por essa razão, todas as línguas faladas no planeta apresentam as mesmas categorias fundamentais para comunicar ideias e objetos — demonstrando essa experiência humana universal.
Além disso, a diversidade de idiomas enriquece a forma como percebemos o mundo ao nosso redor. Cada língua carrega consigo nuances e particularidades que enriquecem a comunicação entre os povos, tornando a experiência linguística ainda mais fascinante.
Explorando a diversidade da língua
A noção de que a língua influencia a forma como vemos o mundo tem sido discutida por muitos especialistas ao longo dos anos. O linguista Caleb Everett, dos Estados Unidos, traz uma perspectiva interessante ao analisar de perto os idiomas e suas nuances. Em seu novo livro, fruto de pesquisas na Amazônia brasileira, ele destaca como diferentes culturas interpretam conceitos básicos de maneiras únicas.
Ao mergulhar nas línguas estudadas por Everett, podemos observar como muitas sociedades não compartilham a mesma visão sobre tempo, espaço e números. Algumas línguas possuem uma riqueza de palavras para descrever um único conceito, enquanto outras, como a Tupi Kawahib, nem mesmo possuem uma definição clara de tempo.
A infância incomum de Caleb, vivida entre os Estados Unidos e o Brasil, em meio a escolas públicas e aldeias indígenas, moldou sua percepção sobre a diversidade linguística. Filho de Daniel Everett, missionário cristão que se dedicou à tradução da Bíblia para o idioma pirahã, Caleb teve a oportunidade única de vivenciar diferentes realidades culturais desde cedo.
A experiência de Caleb o levou a questionar conceitos tidos como universais, como a forma como entendemos os números. Sua imersão nas comunidades indígenas brasileiras despertou nele a consciência de que nem todos os povos compartilham a mesma concepção sobre quantidades e contagem.
Com sua pesquisa e publicações, Caleb Everett desafia a ideia de que os números são inatos ao ser humano, argumentando que sua compreensão varia significativamente de acordo com a cultura e o idioma. Seu trabalho lança luz sobre a complexidade das línguas e como estas refletem as diferenças em nossa forma de pensar.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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