“Ciclo imobiliário: Coriolano Lacerda discute 2024 como ponte para nova fase de crescimento moderado, após retração pós-pandemia. Financiamento diminuiu de 17% para 12%. Consolidação e construção oferecem chances em períodos de bonança. Mulheres protagonistas na faixa mais buscada de tamanho.”
O ano passado foi marcado por grandes mudanças no mercado imobiliário. Após um período de alta nas vendas devido às condições favoráveis da pandemia, especialistas previam uma desaceleração no mercado, com queda nas vendas e aumento nos preços dos aluguéis. A incerteza pairava sobre o mercado, mas a adaptação foi fundamental para a sobrevivência das empresas do ramo.
Apesar das previsões pessimistas, o setor imobiliário mostrou resiliência e capacidade de se reinventar. Novas estratégias foram adotadas para atrair clientes e manter o mercado aquecido. A inovação se tornou a palavra-chave para o sucesso no mercado imobiliário, e as empresas que souberam se adaptar colheram os frutos dessa transformação.
Novo ciclo de crescimento no mercado imobiliário
As expectativas se confirmaram de início, mas o cenário de crescimento do setor de economia, recuperação do mercado de trabalho, inflação sob controle, expectativa de mais quedas da Selic e fortalecimento de programas como o Minha Casa Minha Vida fez o mercado começar a virar o jogo antes do esperado. A queda da Selic empolga agentes do mercado imobiliário. Além disso, 2023 terminou melhor do que se imaginava, com indícios de fim de um ciclo para começo de outro.
Consolidação das fontes alternativas de financiamento
Este ano é de construir pontes, e em 2025 o mercado tem condições de entrar em um novo período de bonança. Essa é a principal conclusão da segunda edição do Anuário DataZAP, com os números mais relevantes da dinâmica imobiliária no Brasil em 2023 organizados em panoramas macroeconômicos. No estudo, observa-se como a consolidação da expectativa de os juros baixarem já foi impactante em 2023. Quem compra na planta costuma parcelar a operação junto à incorporadora em 18 ou 24 meses.
Protagonismo das mulheres e faixa de tamanho mais buscada
E muita gente embarcou na promessa de a Selic cair mais no momento em que pegar a chave e iniciar um financiamento imobiliário. Isso resultou em uma inversão, com mais vendas do que unidades lançadas, em especial entre imóveis de dois dormitórios e na região Sudeste. Hoje, em um cenário hipotético em que nenhuma incorporadora fizesse mais lançamentos nesse perfil, os estoques acabariam em 10 meses – ou um semestre, no caso dos populares. Com a taxa de financiamento podendo chegar a um dígito, não só os novos imóveis se beneficiarão, mas também os usados.
O crédito da poupança continuará caindo, mas espera-se uma consolidação das fontes alternativas de financiamento, como o FGTS, os FIIs e as empresas privadas. Na locação, a expectativa é no sentido contrário, de desaceleração. O aumento do preço médio dos aluguéis já diminuiu dos 17% pós-pandemia para 12% no final de 2023, e segue caindo. Enquanto isso, o preço médio de venda acumula alta de quase 6% em 12 meses. Quando ambos se cruzarem, teremos um sinal forte de início de uma safra positiva.
O Anuário DataZAP destaca ainda tendências comportamentais, reflexos da interação entre fatores econômicos, sociais e culturais, como a pandemia, que mudou a forma de se relacionar com o lar. Em termos de idade, o público entre 40 e 59 anos continuou sendo o que mais comprou e alugou. Mas na comparação com 2022, cresceu a participação de gerações mais novas, de 18 a 39 anos. Também aumentou o protagonismo das mulheres: 54% das compras e 67% dos aluguéis são feitos por elas, e, em algumas cidades, esse índice passa de 80%.
Com relação ao perfil do imóvel, a faixa de tamanho mais buscada no ano passado foi a de 61 m² a 90 m², tanto para locação como para venda. Outra tendência é o protagonismo dos animais de estimação. Em algumas cidades, já há mais pets por família do que filhos. Espaços em condomínios viraram item básico, e surgem ‘quartos para pets’ em novos empreendimentos.
Fonte: © Estadão Imóveis
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